24 de maio de 2009

Ato desesperado


. meia colorida - Amanda Machado


Minha vida é marcada por desesperos. A vida dos que me cercam é marcada por desesperos. Eles sofrem sem saber porque e choram, sem poder. As pessoas que convivem comigo, nada têm de dramáticas, elas apenas sofrem, com a desilusão de um mundo melhor, mais seguro e bonito. Os que vivem comigo, sabem e crêem que não há verdade em um futuro melhor ou pior, o futuro das pessoas na atualidade, é repetir o passado. Alguém muito inteligente mesmo, com nome de Agenor, ou se preferir, Cazuza, disse que via o futuro repetir o passado, e que via um museu de grandes novidades, enfim, ele é o cara! O mundo não está cada vez pior, mentira barata, o mundo sempre foi assim. A violência não aumentou, afinal, sempre aconteceram assassinatos, roubos, crueldades e guerras, até piores se formos notar, o que mudou foi a maneira de agir.

As pessoas que eu vejo pelas ruas, tem o brilho do olhar fosco, não olham mais o mundo como as criancinhas, e quem roubou o brilho do olhar deles? O noticiário da noite, os corpos nas ruas, as queimadas, torturas, drogas, misérias, corrupção. A pergunta correta é: Quem roubou? E a resposta é mais simples e clara do que parece, fui eu, você e ele, foi todo o tipo de gente que anda ao lado dele, que sobrevive ao lado dele, e que, de propósito ou não, colabora para que o mundo continue assim.

Sei que nos parágrafos acima, fui contraditória, pois, revelei que não há futuro melhor, e disse que a culpa é nossa de não mudar. Disse que não há futuro melhor, porque sei que não vamos mudar, afinal é toda uma postura adotada há anos, e que se passa de geração a geração.

Não chore, não se martirize, pois, você é só mais um no meio da multidão de pessoas que tomam a mesma postura. E claro, você não foi escolhido a garota do fantástico.

Assuma seu lugar, aceite sua posição, tome atitudes, e tire do lugar os antigos lemas. Tente, revele-se alguém melhor, revele-se não só mais um na multidão, deixe de lado a posição de coadjuvante, e pegue o volante de sua própria vida.

"Sempre distante do mundo onde vivo, descobertas a fora, mundos a fio, medo de ter, medo de olhar, conquistar espaço, se portar, não corra risco, sem antes prevê-lo, não deixe que o pavor te leve a loucura de detê-lo, confunda-se com o sabor supremo do licor, que mata aos poucos, sem devaneios, com ardor, viva com intensidade amargurada, e deixe a sua incrível história marcada." (O texto é meu, mais aqui, é apenas citação)


P.S: Como Elis Regina cantou, "minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos, como os nossos pais, nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não, você diz que depois deles não apareceu mais ninguém, você pode até dizer que eu tô por fora, ou então que eu tô inventando, mas é você que é mal passado e que não vê, é você que é mal passado e que não vê que o novo sempre vê, hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude, tá em casa guardado por Deus..."
22 de maio de 2009

Miçangas azuis


. meia colorida - Amanda Machado
Estou ouvindo no momento uma música que resume tudo que estou pensando. E me dá uma vontade enorme de contar minhas memórias guardadas em um cofre, misturado a antigos sentimentos e desejos.
"... e o que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia, as cores, figuras, motivos, o sol passando sobre os amigos, histórias, bebidas, sorrisos e afeto em frente ao mar..."
E esse trecho me faz voltar a um passado vivido, escolhido e editado, onde só guardo na memória o que foi bom. Eu tinha 8 anos, tinha amigas especiais, morava em Jacarepaguá, mas especificamente, na Henrique Costa, 730. Lá, naquele condomínio apelidado de "amarelinho" vivi emoções específicas e movimentadas, coisas boas, malucas, minha vida sempre foi assim.
Não vou guardar nomes, nem colocar pessoas anônimas, elas existem, não importa aonde estejam no momento, elas existem. Minhas amigas eram seres especiais, com nomes de: Michele, Gigi, Thaisa, Ana Clara e outros que participavam de nossas aventuras. Viviamos nos aventurando pelos esconderijos do condomínio, pelos cantos escuros, e pelas privadas (mais complexo do que parece). Enfim, éramos um grupinho, mais especificamente eu, Mi, Gigi e Thaisa.
Eram tantas noites mal dormidas, tanta casas de Barbie destruidas ou construidas. Tantos pique-bandeirinhas, ou pique-escondes... A gente criava escola, centro de espionagem, grupo musical, mais especificamente, Spice Girls. Eu era tão feliz, minha infância foi marcada por essas pessoas.
Exemplo disso, é a pulseira que guardo até hoje. Minha mãe, era amiga da mãe da Gigi, juntas, elas conheciam tudo, visitamos uma vez a Rocinha, e foi bem legal. Elas sempre tinham idéias loucas, de aprender e ensinar. Uma vez, elas compraram miçangas azuis, eram tão bonitas, e tinham de vários tamanhos e jeitinhos, eram lindas, juntas, eu, Gigi e Aninha, fizemos várias pulseiras, que andavam sempre penduradas em nossos braços, de um lado para o outro, até que, um dia, um belo dia, ou não tão belo, a Aninha, que era mais nova que a gente e irmã da Gigi, arrebentou minha pulseira, fiquei chateada, mas depois passou, afinal, foi ela quem me ensinou a andar de bicicleta, passou rápido, e logo demos um jeito de arrumar a pulseira, pois era como o fim de algo simples e singelo, a gente não entendia, não tinhamos combinado, mas era incrivel!
Com a pulseira consertada, logo me mudei, e a pulseira tornou a arrebentar, guardei, arrumei, hoje as miçangas estão em um potinho, onde fica guardado o brilho da amizade dado a elas, não sei como a Gisele está, sei que se mudou depois, mas não sei para onde. Foi com a família dela que conheci o açaí, odiei, e que passei dias a fim. Com a família da Michele, criei um laço incrivel, de amor, somos amigos até hoje, e com a Thaisa o que me resta é encontrá-la passando, ou ver a tia dela e os primos, mas lembro sempre das Barbies, Pollys e da foto, que guardo. Não tenho memórias ruins, apenas boas, como o aniversário da Thaisa no sítio, ou a viagem para Rio das Ostras com a Michele...
Enfim, a amizade perdura, apenas não nos vemos mais!
Espero que elas lembrem de mim.
20 de maio de 2009

Amor intrometido


. meia colorida - Amanda Machado


Hoje, não apresento um texto meu, mas um trecho de uma das escritoras que mais me influencia nos meus dias.


“Mas as coisas do amor não podem ser prometidas. Não posso prometer que, pelo resto da minha vida, sorrirei de alegria ao ouvir seu nome. Não posso prometer que, pelo resto da minha vida, sentirei saudades na sua ausência.
Sentimentos não podem ser prometidos. Não podem ser prometidos porque não dependem de nossa vontade. Sua existência é efêmera. Só existem no momento. Como o vôo dos pássaros, o sopro do vento, as cores do crepúsculo. Esse é um rito de adultos, porque somente os adultos desejam que o futuro seja igual ao presente. A sua gravidade, a sua seriedade, os passos cadenciados, processionais, as suas roupas, as suas máscaras, as palavras sagradas, definitivas, para sempre, o que Deus ajunta os homens não podem separar, a exaltação dos deveres: tudo dá testemunho de que esse é um ritual adulto.
(...)
Não há promessas para amarrar o futuro. Há confissões de amor para celebrar o presente.” (Clarice Lispector).


Comento aqui o que já pensei, e penso sobre o texto acima.

O amor, como é idealizado nas novelas e filmes, não existe, não é porque não existam pessoas que se amam, é porque o amor da ficção é sério, e infinito, apresenta um tom de todo sempre, e pureza. O amor que vivemos todo dia, é o famoso amor de 3ª série, a gente ama, sem ser amado na maioria da vezes, a gente idealiza uma coisa que nunca vai acontecer, e o pior, a gente sabe disso. Vivemos imaginando que o nosso grande amor vai aparecer do nada, mas na realidade, você vai casar, isso se você casar, e no máximo do romantismo, com aquele que foi seu amigo no colégio ou na faculdade, ou aquele que te atropelou, no máximo. Afinal, as histórias, são histórias, são pra ser apreciadas, e não para tomar como objetivo de vida, ou você acha que vai sair do seu reino do mar, ir para a terra firme, um príncipe vai se apaixonar por você, e seu cabelo vai ser ruivo e bem penteado para sempre? Não, sinto muito, a realidade é outra. Amor não está em outra pessoa, está em si mesmo, por isso somos capazes de amar coisas como, comida, ou cores. Amor não se resume a outro ser, como Clarice disse, está infiltrado no momento a ser vivido, e esse tal amor, o de verdade não dá para inventar ou fingir, é eventualmente expressado no brilho do olhar.
15 de maio de 2009

Carta de amor anônima



. meia colorida - Amanda Machado

(Esse texto é baseado em fatos reais, vividos por uma amiga minha, já que o nome dela não pode ser revelado, coloco desde já um nome fictício, Letícia, e ao amado, vou chamá-lo de Ricardo).

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2009.Ricardo,
Escrevo esta carta, pois já não possuo forças para lutar contra meus sentimentos, é inevitável, e por isso seja óbvio tudo que já aconteceu. Esta carta tem um único propósito válido, o de dizer com todas as palavras mais sinceras que conheço o que sinto por você, e o quanto isso é importante nos meus dias.
Caso você nunca tenha notado, eu só tenho olhos para você. Não apenas te olho, como te venero com cada parte lúcida do meu corpo, tudo em você me fascina. Meus dias se resumem a pensar a todo o momento em você, e quando te avisto, aqueles corredores, que até então eram sombrios, e frios, passam a ter luz própria, mas uma luz tão vibrante e viva, que preenche meu ser, a luz transcende meu rosto, meu corpo, minhas mãos, tudo em mim me denuncia, pois só enxergo luz, e essa luz vem de você, de seus cabelos, que ao contato com o sol, brilham, me deixa emocionada, é como se eu pudesse ver uma estrela de perto. Teus olhos apresentam todo um tom misterioso, um toque suave, algo que me deixa totalmente perplexa, e apesar de não serem azuis, mergulho e me vejo afundar em tanta cordialidade que vejo em você. Já teu sorriso, indispensável, me lembra todos os dias o quanto quero a todo o momento te ver feliz, pois não importa onde seja, e se acredita ou não, seu sorriso é motivo de felicidade na íntegra da palavra, se o vejo, não importa as circunstâncias, te ver sorrir, é certeza, pontaria certa de que meu dia será repleto de felicidade, e o excesso de felicidade se transporta se transforma, e não consigo resistir, a sempre procurar vê-lo sorrindo.
Após meses te estudando, tentando entender como podes me tornar uma pessoa tão feliz. Noto que só posso estar feliz se for ao menos, perto, impossível te ver longe, martírio te ver com outra pessoa, te amo calada, mas não afastada.
Quanto queria que me notasse que visse que não sou apenas a moça do sorriso aberto, da alegria estonteante, das loucuras inapropriadas, sei que sabe meu nome, sei que conhece a mim, apenas não sei se quer saber mais. Como queria eu, poder dizer-lhe o quanto é importante a mim, o quanto você tem culpa em meu estado de espírito. Todos os meus amigos já sabem, e entendem o porquê de tanto falar de você, e creio que você já deve ter notado o quanto é comentado, afinal, só sei te olhar.
Nada me interessa o futuro, a carta apenas condiz com tudo que sinto e que está engasgado em meu peito, guardado solenemente por todos que me cercam, amor profundo, abismo secreto, corda bamba vivida, enfim, amor escondido, platônico, porém amor!
Insatisfeita ou não, o importante é que toda manhã seja possível te ver, te admirar e poder sonhar com nossas mãos unidas, e nossos corações entrelaçados, mesmo que isso seja um futuro invisível e impossível a mim.
Não quero mais esconder nada que sinto, já que fica claro saber o quanto gosto de você. Ando sempre te procurando, e me envergonho ao te ver, parece que perco o ar, me assusto e ao mesmo tempo meu corpo se toma pela adrenalina, mais amo, amo muito, toda essa situação.
Espera que a partir desta carta, passe a me ver com outros olhos, não apenas mais uma que te quer, e sim, consiga ver, o quanto é responsável pelo meu sentimento, e mesmo que não seja recíproco, que seja entendido e respeitado.
Te amo, e nada poderá mudar o que sinto, afinal, descobertas a parte, meu ser é todo amor por você! Repleto de insegurança e tristezas, mas todo amor por você!
Letícia.
P.S.: Não importa o tempo que passe, e o quanto minhas amigas e amigos mandem eu te esquecer, te amarei, e a cada segundo esse amor, se torna mais intenso e profundo.
13 de maio de 2009

Leite derr-amado


. meia colorida - Amanda Machado

(Texto escrito no dia 8/05/2009)

Hoje acordei pensando: Quanto tempo perdido pode ser recuperado? Será que algo pode ser recuperado da exata maneira como foi deixado para trás? Involuntariamente, muitas coisas de importância no futuro, é deixada para trás e esquecida por um tempo, e então quando chegamos lá na frente, vem a velha história do "me arrependi". Não quero voltar atrás e muito menos me preocupar com o que está acontecendo, vou deixar fazer, sem prestar atenção, vai ver dá certo! Afinal, já gastei tempo demais preocupada. Sinceramente ou não, hoje é um dia diferente, minha vida está diferente, hoje sou eu, a que todos chamam de, grossa, ignorante, ansiosa, insensível, perfeccionista, e nada, nada mesmo, romântica!
Hoje fica fácil dizer o que eu quero, porque o que eu quero está e sempre esteve ao meu alcance, sem que eu notasse, é claro, sem que eu me desprendesse e voltasse a ver. Enfim, o que deixamos para trás não nos completa, se foi deixado, talvez tenha sido melhor, vai ver é melhor a parte do "recuperar o perdido", o "reencontrar", afinal, alguém sábio, com nome de Richard Bach, disse algo parecido, que a melhor parte do partir, seria a tendência ao reencontro. Não sofra com o que passou, mais coisas vão passar, mais erros vão surgir, mais beijos, menos sorrisos, mais lágrimas, menos romances, mais verdades, enfim, vamos evoluindo!
Não dá para olhar para trás o tempo todo, e muito menos chorar o leite derramado, a vida ensina, cabe a nós, aprender ou não!
Gosto de lembrar do que passou pelo princípio, de que passou, porque viver a mesma coisa sempre, deve ser chato, é chato, não tem graça, o bom da vida é o novo, o surpreendente, a SURPRESA! Odeio rotina.
Quero me completar, e não com pessoas ou coisas, quero me completar com algo que ninguém tenha visto, e só quem possui um pouco de alma de poeta entenderá, quero completar-me de palavras, tons e expressões, e que o belo seja a parte escrita, e não, a entonação!



P.S: Leiam, Leite Derramado - Chico Buarque
10 de maio de 2009

Primeiro


. meia colorida - Amanda Machado


Um registro de sentimentos passados e evoluídos, com um único lema : evolua!

Textos de minha autoria, com uma pitadinha de tudo que me influencia. Divirta-se!

Pedido atendido, para quem tinha certeza que se eu escrevesse aqui, ia ficar mais bonito. Beijos enormes, e continue colorindo!