31 de dezembro de 2010

Porque vocês eu sou


. meia colorida - Amanda Machado


Devido a autora não ter pedido a autorização para citar nomes, serão usados codinomes e abreviações, obrigada!


Pensar no fim do ano me faz pensar nas pessoas que conheço e principalmente nas que conheci esse ano. Pensar nas pessoas que conheço me leva a pensar nas pessoas que eu amo e pensar em quem eu amo me faz lembrar do que eu sou. Eu não sou eu, eu sou as coisas que amo.
Só há de me conhecer, aquele que conhecer os meus amados. Se conhece minha família, casa, espaço, amigos, hábitos, conhece tudo que sou. Sim, pareço pouco, mas sou a infinidade de coisas que me fazem amar, porque o meu eu, ser, está em tudo que conseguiu conquistar-me.

Sou os meus pais quando sentam a mesa e falam de sacanagem, estou no sorriso e no choro da minha irmã, sou os tapas e beijos do J.V e todo o grude que dedica a mim a AlM. Sou o chão azul do CEFET-RJ e sou o vermelho do esmalte Beijo. Sou a minha Igreja e meu Deus. Sou a gargalhada da bruxinha e a cara de emburrada da assassina. Sou o terço que minha vó me deu, sou dia 4 de agosto de 2009. Estou no olhar de Nossa Senhora de Fátima e nas luzes que vejo da janela da copa. Sou as coxas grossas da K.L e sou a dádiva que ela é pra mim, sou toda a insanidade e inconsequência da B.V, ah! Sou a dupla da B.V, sou as dores da B.V, sou um pedido dela.

Pareço pouco agora? Sou o orgulho do gamba, e as lágrimas da V.P. Sou a cor do meu quarto, sou Bones, sou azul. Sou o abraço da B.P quando ela fica uma semana sem me ver e sou os aconselhamentos do AFaetec. Sou o Jesus no L.C e sou as meninas do ballet. Eu sou a dança, sou cada movimento, sou a beleza da T.I, a alegria da A.C, o sorriso da T.A, sou o sonho que vive entre nós. Sou a mão dada com a Ky, e a mongolice da N.C. Sou as voltas na quadra com a P.B e os pequenos desentendimentos com a B.F, mas também sou quem dá a mão. Sou as implicâncias do meu tio-avô/tio/primo. Sou a modernidade da minha avó Marina e até o mau humor do meu avô Carlos. Sou melancia saboreada de garfo e faca. Sou os meus olhos cor de mel, e eles verdes quando choro. Sou uma linda mulher, uma ponte para terabítia, orgulho e preconceito e ele não está tão afim de você, tenho certeza!

Sou Cássia, NR, CI e The Fray. Sou tanta música, sou tanto.

Sou o brilho do cabelo da L.R ao sol, e o jeito dela falar, sou a sempre disponível A.A, sou os olhos, os cílios e a ironia do meu futuro marido. Sou o sorriso, a cor e todo amor que sempre dedicarei ao L. Sou o Flamengo, e esse sou muito. Sou a careca do meu avô e uns tapinhas também. Sou os cabelos da Lalá. Sou MG, sou Recreio, bem pouco Rio de Janeiro. Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher, sou minha mãe, minha filha, minha irmã, minha menina, sou J.B. Sou a brutalidade do A.F e a gentileza da minha bisavó A. Sou o tchauzinho do H.J e os abraços do D&I, uma coisa só. Sou a moranguinho, sou morangos, sou livros, sou escrita. Sou as ligações do G.W que já não fazem mais parte do presente e pipoca doce, sou sorvete de flocos,sou arroz doce da minha avó, sou alergia a chocolate. Sou as visitas a casa do B. sou os Natais e os Anos Novos. Quem sabe serei medicina legal e depois forense. Sou forense.
Sou meus tênis, sou orelhas sem brincos. Sou Banzé e Shena. Sou Pingo e bem, Ralado. Sou cachoeira. Sou cabelo do D.F e dancinhas do W.G. Sou a alegria, a gigantesca e sensual, I.B. Sou The Sims. Sou minhas madrinhas. Sou madrinha. Sou abraços e abraçada. Eu amo e sou.

(acho que continua...)


a vida tão simples é boa, quase sempre . anac

28 de dezembro de 2010

Ainda estou verde


. meia colorida - Amanda Machado


E, é quando tudo refrigera, a alma se sente quentinha, e nem chá de camomila acalma, é nesse quando que me sinto inteira.
E se me sinto alegre, viva, é porque tenho tudo de mim em mim.
Não há algo que desperte, o despertador imita a vida e nada em mim se liga ao tempo, sou imatura e não quero amadurecer nunca, digo não a colheita, prefiro ser fruta madura no pé.
E se há alguém que me colha ou que me morda, que eu possa sentir a alegria de ser saboreada.
Não quero rir, gargalhar, prefiro sorrir com os olhos e me deixar cozinhar por um longo tempo.

Ou, que longo tempo?

Se queres partir, ir embora, me olha de onde estiver, que eu vou te mostrar que eu to pronta. Me colha madura do pé! .Dona Cila - mgadú
15 de dezembro de 2010

Ritual das quatro da tarde


. meia colorida - Amanda Machado

Ela parecia atrasada, andava rápido, largas passadas, e olhava o relógio quase que minuto a minuto. Ela estava atrasada. Seu rosto era rubro, como se estivesse coberta por um grosso edredom de raiva e seus cabelos ondulados estavam presos a cabeça como em um novelo de lã. Seus olhos baixos olhavam para as pessoas que passavam, e quem reparasse na moça de sandálias vermelhas de salto bem alto, entenderia o motivo de seu sorrisinho leve. Breve como o sorriso da lua no fim da noite, ela logo cerrou os lábios e continuou a caminhada. Parou em uma lanchonete. Queria pães de queijo e um chá gelado. Sentou ao lado direito da loja, onde não havia quase ninguém e consultava o relógio como se esperasse que enfim os ponteiros chegassem ao ponto final. Demorou cerca de quinze minutos na loja, comeu, pouco bebeu, levantou-se e começou a caminhar para a praia. Já na areia, olhou tudo ao redor, tirou os sapatos pretos, largou a bolsa de lado na areia, e caminhou em direção a água. Ficou olhando, imóvel, durante mais de meia hora. Não parecia esperar alguém, sim, algo. Quando olhou o relógio de novo, resolvi consultar que horas eram, e quando olhei novamente à frente, ela estava retirando o grosso casaco e parecia se preparar para entrar ao mar. Olhei as horas novamente, eram exatamente 16:01, ela retirava a calça e dava para ver a lingerie negra que ela usava. Não retirou o relógio. Entrou no mar soltando os cabelos de lã e quando a água chegou à cintura, parou. Mergulhou e subiu, cheguei mais perto para reparar um pouco mais naquela espécie de ritual que a moça fazia. Ela então, retirou o relógio, lançou ao mar e começou a sair do mar. Andando devagar como se estivesse leve, saiu do mar, tocava os pés levemente na areia. Quando alcançou suas roupas, sequer as tocou, continuou a caminhar deixando tudo para trás. Passando por seus sapatos e pela bolsa grená que carregava continuou a caminhar. Foi quando notei um carro cinza parado na orla, ela entrou e se foi.
O que a moça pretendia com todo o ritual eu não sei, só sei que se chamava Anita Barbosa, tinha vinte e seis anos e não era do Rio de Janeiro, havia nascido em uma cidade do Paraná, quem me contou tudo isso? A bolsa grená.
7 de dezembro de 2010

VivA


. meia colorida - Amanda Machado

Procurei estar em outros lugares e dizer outras palavras. Procurei não amar alguém e pouco esbarrar nas pessoas. Procurei deixar de lado a escrita e viver nova História. Procurei quebrar as regras e bancar a inconsequente. Procurei não me apaixonar por músicas e parar de comer doces. Procurei andar somente na calçada e usar menos meia-calça. Procurei não falar tão alto e andar menos descalça. Procurei não engrossar a voz e usar brincos. Procurei ler menos e falar mais dos meus sentimentos. Procurei me afastar das mentiras e me isolar no meu quarto. Procurei não andar na chuva e dormir cedo. Procurei não ser eu. Procurei ser outra pessoa. Busquei fugir do caminho que eu levava pois acreditava ser isso que me saturava. Encontrei a realidade quando tentei ser outra pessoa. Não era eu que me saturava, eram os acontecimentos, e mudando de lado, de ritmo, costumes, cultura, religião, nada alteraria os motivos de tanta saturação.
Por isso aqui estou, amando, escrevendo, escolhendo. Seguindo minhas regras e me encantando cada vez mais por músicas. Uso meia-calça tanto quanto lavo os cabelos. Falo alto e dos meus sentimentos, ando na chuva e minha garganta inflama. Sou eu, e isso me basta.
Basta para você, ser só "você"?


"ali tão pouco
presa não estarei
e se
a fumaça encobrir minhas respostas,
aqui me formarei.

Viva."