9 de agosto de 2012

Pra não se afogar mais

. meia colorida - Amanda Machado

Faz tempo que não escrevo aqui. Faz tanto tempo que não escrevo. E hoje, mais uma vez, veio aquela vontade de dividir algo que só pode ser dividido com esse ser imaginário para o qual escrevo, um eu reprimido que precisa ler para entender o que sente e pensa.
Eu venci pequenos medos. Ou melhor, grandes.
E depois de quase três anos, quase três longos anos, fugindo de situações onde eu fosse obrigada a encarar o mar, eu me rendi e mergulhei nessa dose de pânico que eu mesma criei.
Eu cogitei passar muitos anos sem entrar no mar, eu cogitei passar a vida inteira sem maiores contatos com o mar, eu impus isso à minha vida com tamanha severidade que eu já nem sabia mesmo quando isso havia começado. Não vou dizer que não doeu. Nem mesmo que não senti o que sempre tive medo de sentir... Culpa. Eu me senti culpada, mas passou, e passou porque eu ouvi claramente enquanto a água quente do chuveiro caia sobre minha cabeça que não haveria chateação, que o importante era a felicidade, em sua resposta, linda como sempre, ele me disse que ele sempre ia preferir a diversão. E eu escolhi a diversão. Eu o ouvi no sussurro da água, e escolhi seguir suas palavras.
A saudade importa tanto que o resto não precisa importar.
Eu não superei, a morte não é algo que se possa superar, mas eu me aliviei, deixei só o amor permanecer e a raiva ir embora. E como todos que misturam raiva ao amor depois de situações trágicas, eu entendi que tudo era negação. Nada mudou. As dores continuam aqui, o medo continua aqui, o sofrer e o chorar vão continuar aqui, mas o amor também continua aqui, a alegria, a saudade, a vivacidade, a luz, a esperança, afinal, essa reação já devia ser esperada há muito tempo.

Parte de mim sempre vai morrer quando um dos que eu amo for embora, mas parte fica, e essa parte é que me salva,  a que ainda quer amar mais.

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