23 de fevereiro de 2011

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. meia colorida - Amanda Machado

A necessidade de ver as coisas para entendê-las me assusta. Venho me assustando com muitas coisas, é verdade. Me assusto muito ao ver como as pessoas conseguem ser indiferentes às outras quando estão com pressa, me assusto com a temperatura no Rio de Janeiro que não para de subir mesmo quando a meteorologia diz que vai cair. Me assusto com o número de pessoas que vejo jogadas no meio da rua no Centro, e me assusto em como o carioca não dá valor às construções históricas que aqui estão. Me assusto quando as pessoas revelam coisas sobre mim que nem eu mesma havia percebido e me assusto ainda mais quando eu mesma descubro algo novo em mim. Mas voltando ao assunto inicial, as pessoas têm que ver. É, o material, físico, a visão é mesmo muito reveladora, mas o tato não? Tem coisas que apenas precisamos sentir, ou não? Você não confia no que suas mãos dizem existir? Confiamos, é óbvio.
Algumas vezes, mais importante que ver a beleza, é senti-la, o toque agradável de duas pernas se tocando, dos dedos circulando pela barriga, dos lábios tocando a testa, de um pé tocando leve o outro, das mãos passando pela nuca. Não é preciso ver para saber que é incrivelmente bom.
Sentir o outro e a si mesmo pode ser revelador, quando feito da maneira correta. Podemos entender ainda melhor as pessoas sem falar, afinal, falar pode remeter a caminhos obscuros de palavras mal ditas, no entanto um carinho, um cafuné, um abraço, dois, três, um simples aperto de mão diz muita coisa para quem está receptivo a entender o outro. São gestos que explicam como o outro é, e pode ser. Gestos que também permitem ao outro nos explorar. E, é bom ser explorado uma vez ou outra.
Vamos sentir um pouco mais, vamos dar mais valor ao corpo, aos movimentos e ao que podemos ver de olhos fechados. Os cegos não vêem e quem disse que eles não entendem as pessoas? O ser humano vive querendo entender o outro, por que não tentar desse jeito? Espero que tentem, e eu também.
.. quando me chamou, eu vim, quando dei por mim, tava aqui, quando te achei, me perdi, quando vi você, me apaixonei . chico césar

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