. Sim, eu uso meias coloridas - Amanda Machado
Foto da Igreja de Santo Antônio no Convento de Santo Antônio, Carioca, Rio de Janeiro.
Hoje eu simplesmente não conseguiria dormir se não escrevesse sobre esse lugar.
O conheci em 2009, quando em um passeio pelo Centro da cidade, eu e mais duas amigas, corremos enlouquecidamente toda a rua Uruguaiana para encontrar um local para que uma delas pudesse se confessar. Não que fosse ela uma grande pecadora. Não que estivéssemos atrasadas. Éramos adolescentes.
Me encantei pelo lugar no segundo segundo em que estive lá. Escondido. Imponente. Talvez eu tenha me apaixonado pelo lugar por conta de Santo Antônio - meu amigo de longa data -, talvez porque esteja sendo restaurado desde que o conheço, e tenha eu grande fissura por coisas inacabadas, por revolução, por restauração, talvez ainda por conta do folheto que li naquele dia, ou ainda, por conta da resposta do frei às perguntas da minha amiga. Deustino. Não sei. Me apaixonei. E desde então, tem sido este o meu lugar.
Lugar que eu não conheci por promessas para o bem dos que amo, lugar que eu frequento não pelos outros, mas por mim, lugar que me escolheu, e que eu escolhi pra ser o meu refúgio. No entanto, é neste lugar que sempre me sinto obrigada a ser mais. Para fazer crescer.
Admito, atualmente a Igreja não está tão bonita quanto na foto, como eu já disse, está sendo restaurada - e até o meu casamento ela fica pronta - entretanto, é de uma paz, de uma gentileza comigo, que eu não preciso que nada nela mude para ter certeza de que lá eu posso tomar qualquer tipo de decisão.
Porque essa Igreja não me obriga, não me cala, não me ofende, não grita comigo. Porque essa Igreja não espera mais de mim, não espera nada, nem mesmo a minha presença. Porque essa Igreja nem mesmo precisa de mim para estar ali, de pé, afinal são 400 anos. E ainda assim, sem me extrapolar em nada, faz de mim parte dela.
E hoje, em um dia de tanta ansiedade, de tanto cansaço, de esforço, mais uma vez ela me fez enxergar. Sempre recorro a ela quando estou me sentindo mal, sozinha, indecisa, insegura, amedrontada. Sempre recebo a resposta que preciso, ainda que à primeira vista seja inadequada. Hoje não foi diferente.
Cheguei no início da homilia, a Igreja estava cheia, trezena de Santo Antônio. Me deparei com um frei que tem quase a minha idade, mas é de sabedoria muito maior. Encarei uma homilia que foi feita pra mim, aqueles velhos tapas na cara. Uma homilia que falava sobre amor. Nós sabemos que somos amados, mas ser amado não faz de nós algo grande, o que nós fazemos com o amor que sentem por nós é que faz com que cresçamos. E assim é com o amor de Deus também. Senti por estar tão longe, mas me veio à cabeça que nessa época do ano já estive longe muitas vezes - sexta, dia 13, é dia de Santo Antônio - e que Santo Antônio sempre me fez voltar. Não para pedir namorado. Não para pedir. Mas para receber amor. Cuidado. Sei lá. E hoje foi exatamente assim. Quando eu estava ajoelhada no altar, fazendo as minhas orações de quando preciso ser puxada pelos cabelos e colocada no lugar, Antônio estava me abraçando.
Pode parecer imaginativo, e em muito o é, mas eu não me sinto perdida quando estou no Largo da Carioca olhando para as rachaduras nas cerâmicas que recobrem o chão da Igreja, essas rachaduras me direcionam muito mais à minha espiritualidade do que grandes sermões, difícil de entender, mas quando se ama algo ou alguém, até as rachaduras são boas e te fazem lembrar que você tem sorte, sorte de ser aceito, de ser compreendido, de ser perdoado. Então, nesse 13 de junho, não existe nenhum lugar que eu queira estar mais do que no Convento, e eu vou estar. Para agradecer o carinho e todas as respostas implícitas naquelas paredes com pedras a mostra. Eu e você estamos evoluindo juntos Convento, e espero estarmos bem para vermos o amadurecimento um do outro.


Oi Amanda!
ResponderExcluirEm uma pesquisa sobre o Convento de Santo Antônio que eu tanto amo, acabei achando seu blog e amei!
Meu avô é devoto de Santo Antônio faz mais de 60 anos. Tento vestibular para medicina já faz 4 anos e foi a partir dai que meu avô me fez conhece-lo melhor e atualmente sou muito devota dele.
Achar o seu blog, ver sua devoção a Santo Antônio e depois ler que você faz medicina foi como um carinho dele nesse momento tão dificil de luta pela medicina que estou.
Achei legal que pudesse saber disso :)
E ah, também espero que a reforma termine até o meu casamento! hahaha
Fique com Deus e que Santo Antônio sempre interceda por nós!
Olá!
ExcluirQue bom ler seu comentário!
Sei o quanto essa luta pode ser árdua, mas não desista se é o que quer de verdade, e me felicita muito saber que minhas palavras e meu blog foram um afago para você.
Volte sempre, permaneça firme na fé que Antônio estará intercedendo por você! (e por mim!). Quem sabe não nos esbarramos no dia 13?