27 de maio de 2011

Minha Alice no país das 'invisíveis' Maravilhas

. meia colorida - Amanda Machado

 Desde que você surgiu a minha vida não foi a mesma. Eu passei a chorar muito mais, a sentir muito mais dor, a gritar, brigar e reclamar, ainda mais. Eu passei a rir muito mais, a amar mais, e a sentir muito mais orgulho. Eu aprendi o que é ter orgulho de alguém. Eu chorei ao ver você fazer um solo, eu chorei com as suas incríveis notas, eu choro porque você chora, ou porque você sente dor. Eu choro porque você se sente pior, me deixando pior mesmo.
 Com você eu aprendi a dividir, a emprestar e a odiar emprestar qualquer coisa. Com você eu aprendi a odiar certas coisas, e a te odiar uma vez ou outra, quando eu me canso de tanto te amar. Eu aprendi que é linda a sensação de ter alguém que te admira, e aprendi que a mesma maravilhosa sensação podia ser um pesadelo. Aprendi que não é tão bom assim ter alguém te observando e te copiando a todo tempo. Você deve ter aprendido que é horrível ter alguém, na sua visão, boa em tudo que faz, para ser comparada. Aprendi que pode ser ruim até mesmo ser comparada pelas minhas qualidades.
 Aprendi que seus olhos podem me seduzir, e que seus cabelos me enroscam em suas ciladas desde sempre. Aprendi que seus tapas doem mais que toda dor do Universo, porque vêm de você. Aprendi que te amar e conviver com você podia ser muito difícil, e é. Aprendi que eu posso ser boba, chorona, chata e melosa com você, e aprendi que posso até aturar alguém pendurado no meu pescoço 25 horas por dia, porque é a sua companhia.

Nunca se ache inferior, você é a minha luz. Nunca se veja pior, o que o espelho reflete é o que um dia eu chamei de desejo. Eu te desejei mesmo sem te conhecer e nada no mundo, o tão vasto mundo, pode te tirar isso. Eu te amei com todas as minhas forças e meus poucos cinco anos de vida, eu te amei um amor que ninguém vai poder te dar. Então não esqueça que você vale muito mais! Me perdoa por tudo que eu faço que possa te doer.

"Eu queria ver o escuro do mundo onde está tudo que você quer, pra me transformar no que te agrada, no que me faça ver quais são as cores e as coisas pra te prender. Eu tive um sonho ruim e acordei chorando, por isso eu te liguei. Será que você ainda pensa em mim? Será que você ainda pensa? Às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais. Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo que não me deixa em paz. Quais são as cores e as coisas pra te prender. Eu tive um sonho ruim e acordei chorando, por isso eu te liguei. Será que você ainda pensa em mim? Será que você ainda pensa?" - quase um segundo, Herbert Vianna





22 de maio de 2011

Pode ser que você seja livre

. meia colorida - Amanda Machado

    Visão do autor sobre o tema: Liberdade. Pintada em 1991 por Carlos Nava, está disponível no Arteblog.


  Pode ser que você se esqueça de coisas. Pode ser que você se esqueça do que gostava, do que achava e do que não suportava. Pode ser que você esqueça que mudou. E pode ser que se esqueça do que achava que tinha aprendido. Pode ser que você se esqueça de algumas pessoas, de muitas pessoas, ou de todas. 
  Pode ser que você se esqueça do quanto era bom, do quanto acreditava no seu futuro e do quanto acreditava que o outro era bom. Tudo bem. Pode ser que você se esqueça, quantas pessoas não esquecem? 
  Pode ser tudo novo, ou tudo mais ou menos. Pode ser que a corda bamba seja mais bamba do que parece e pode ser, por mais que bobo e insolente, que você não esqueça, de tudo, ou do nada. Até pode ser, que você viva a vida que não sonhou, mas que seja, apesar do impossível, melhor do que a que você planejou
  Pode ser que você se esgote e até se comprometa, e, pode ser que você não se canse de não se comprometer. Pode ser que você vacile, e eu até acredito nisso, mas vacilar combina bem com 'pode ser'. E nesse caso, pode ser que você desconfie, desvalorize e desminta, ou que talvez que se esqueça de confiar, valorizar e mentir.
  Pode ser que você finja, que imite e que seja egoísta. Pode ser que esqueça de que o amor e a caridade andam juntos, e que nada melhor do que se surpreender. Pode ser que você case, pode ser que tenha casa, não case e viva sozinho. Pode ser que você se mude, e esqueça que seu plano era viver para sempre naquela rua. Pode ser que você a esqueça, e pode ser que nem doa tanto. Ou pode ser que doa tanto, que você até prefira esquecer, pode ser.
  Pode ser que você não queira ser você, ou que queira mudar de sexo. Pode ser que mude de vontades, ou de hobbies, ou de vantagens. Pode ser que você prefira o outro, ou seja, tão bem resolvido que nem do outro precise. Pode ser que você dance, pode até ser que você voe, mas com certeza pode ser que você seja feliz.
  Pode ser, eu e o Mundo deixamos.

15 de maio de 2011

Ignore o Dr. Imperativo

. meia colorida - Amanda Machado

Caneta a mão, vamos brincar de palavras cruzadas.

                                                                              Imagem do filme Maluca Paixão

Como eu estava falando muito de amor - não é? - vou falar do que sinto quando não amo.
O céu está claro? Escuro? Tem cor? Só vejo a imensidão do nada. Eu vejo o nada que habita a alma de vocês. Eu vejo a minha alma. Quem não gostaria de conhecer a sua própria alma? Suas feridas, e as cicatrizes mal cicatrizadas. Sentir se é áspera, fina ou se é mole, sentir, só por sentir. Eu sinto as lágrimas que não insistem em cair e que caem, as mesmas que tem cor de dor, gosto de veneno e que são tão frias quanto o vazio pode ser.
Vive o vazio. Vive. Viva. Onde está a droga do vazio que se a gente não tem, faz falta? Fala com o vazio. Fala. Fale. Óh, falar, doce ilusão dos que sabem emitir sons. Falar não é se comunicar, porque nós não sabemos nos comunicar. Falar é fingir, e entender, é mais fingir ainda. E fingir? Fingir é falar, entender e mesmo assim não falar e não entender. Que contradição.
Que contradição a vida é. E o ser humano é. E mais ainda, eu sou.
Não dói dizer que eu sofro pelas dores que eu não tenho, que eu choro porque não sinto dor, e que me angustio ainda mais por querer sentir mais um pouco, mesmo que seja nada. E agora, eu não estou falando de amor. Eu estou falando de qualquer coisa que se pareça com nada, mas não seja nada, que seja alguma coisa. O vazio é bom, é pelo menos constante, mas, às vezes, estar ocupado e mal, ou bem ocupado, ou mais ainda ocupado, é tão melhor.
Não basta misturar as coisas, temos que fazer sopinha de letras da nossa vida. E engolir tudo, sem respirar, sem pestanejar, e sem se alegrar também, porque engolir e se alegrar ao mesmo tempo pode não ter um efeito muito bom. E basta, tudo basta.

Eu não sou ninguém para dar conselho, então, por que eu estou falando no imperativo?

É isso, desordem. Nada de ordem. Desordene-se.

E, ah, vai se f* também! Como vocês podem ver, falar de amor é muito menos doloroso e mais fácil de ler!

Isso tudo me lembrou ao filme Maluca Paixão, sobre uma criadora de palavras cruzadas, com título original de All about Steve, enfim, fica a dica.
10 de maio de 2011

Amor de dois

. meia colorida - Amanda Machado


E cismei com essa coisa de amor de dois.
Cisma, por cisma, cismei com esse
que de dois fica um,
esse um e um,
que um mais um, é um
e um menos um, é um.
Esse um que é dois, e não tem como ser cinco, três ou dez.
Só é,
dois e um, um e dois, e dois e um.
Esse amor que não deixa de ser dois
mesmo quando é um
e que é um sempre.
O amor de um que não é dois,
não é um,
nem meio é.
É zero.
O amor,
de dois que tem um, e de um que dá dois
é o mesmo,
de um que tem dois e de dois que dá um.
É linda a arte de dar sempre um
de ser sempre um mesmo quando se é dois.
E de ser dois mesmo quando se quer ser.
Um.
E esse zero que se instala em meu peito,
que ele possa,
ser um, um dia, Dois em Um.
1 de maio de 2011

Pela bobeira do amor

. meia colorida - Amanda Machado

"Ela se perguntou se algum dia jamais chegaria uma hora em sua vida em que não pensasse nele; em que não conversasse com ele em sua imaginação, em que não revivesse cada momento que tinham passado juntos, em que não desejaria ouvir sua voz, sentir suas mãos e seu amor. Ela jamais havia sonhado como seria amar tanto alguém; de todas as coisas que lhe haviam causado espanto em suas aventuras, essa era a que mais a espantava. Pensou na terna sensibilidade que deixava em seu coração que era como um machucado, uma dor que nunca iria embora, mas que ela manteria viva na memória com carinho para sempre."
                                                       - A luneta âmbar de Philip Pullman

E todas as oito vezes que reli esse trecho meus olhos ganharam vezes de chuva, e eu chorei, de dor, de angústia, de inveja e de solidariedade. Algo que estava acomodado dentro de mim, lá, bem no fundo do peito, se agitou, e não consegui mais controlar, disso, surgiu o texto.

Sim, eu sei que é um livro, e sim, isso me levou a formular uma nova tese.

Quando duas pessoas estão juntas não há garantias, mas as pessoas podem ver o outro e contar com o que sentem para imaginar o que o outro sente. As pessoas se conhecem, se interessam, se amam e vivem o resto da vida juntos. Piada. Existe amor, eu aceito, compreendo e sou capaz de ver que existe. Mas existe tantas outras coisas parecidas com isso, não é?
O amor é um sentimento único, frágil, e muito, muito, muito teórico. Porque na verdade, o amor, esse que eu descrevi no trecho acima é raro. Eu acredito, que esse tipo de amor só acontece uma vez na vida, e devido a isso essa inúmeras bobagens de almas gêmeas. Eu também acredito, que as pessoas podem nunca encontrar esse amor, é como um dom, e esse dom, não é dado por merecimento e sim por sorte, uma pena. Na verdade, também acredito que existem variáveis desse sentimento, uma pessoa pode amar uma outra que não a ama, esse não é o amor completo do qual eu estou falando, mas é amor, nós sofremos, dói tanto que as vezes parece impossível que passe, não passa, muda, se torna outra coisa, e disso eu sei bem, mas existe. Outras vezes, o casal é amigo, se gosta, se curte, e fica junto, ninguém ama o outro, mas é bom estar junto de alguém, então, por conveniência se leva. E, por isso, encontramos inúmeros casais por ai, onde um só ama, ou onde nenhum dos dois ama...
É. Se você encontrar esse amor ai, que eu não conheço, me apresente. Eu sei que é um dom, como eu disse, mas talvez só conhecer, como num trecho de livro, já seja bom.

"Procuro um amor que seja bom pra mim, vou procurar, eu vou até o fim, eu vou tratá-la bem pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos. Pode ser que eu a encontre..." - Frejat