15 de maio de 2011

Ignore o Dr. Imperativo

. meia colorida - Amanda Machado

Caneta a mão, vamos brincar de palavras cruzadas.

                                                                              Imagem do filme Maluca Paixão

Como eu estava falando muito de amor - não é? - vou falar do que sinto quando não amo.
O céu está claro? Escuro? Tem cor? Só vejo a imensidão do nada. Eu vejo o nada que habita a alma de vocês. Eu vejo a minha alma. Quem não gostaria de conhecer a sua própria alma? Suas feridas, e as cicatrizes mal cicatrizadas. Sentir se é áspera, fina ou se é mole, sentir, só por sentir. Eu sinto as lágrimas que não insistem em cair e que caem, as mesmas que tem cor de dor, gosto de veneno e que são tão frias quanto o vazio pode ser.
Vive o vazio. Vive. Viva. Onde está a droga do vazio que se a gente não tem, faz falta? Fala com o vazio. Fala. Fale. Óh, falar, doce ilusão dos que sabem emitir sons. Falar não é se comunicar, porque nós não sabemos nos comunicar. Falar é fingir, e entender, é mais fingir ainda. E fingir? Fingir é falar, entender e mesmo assim não falar e não entender. Que contradição.
Que contradição a vida é. E o ser humano é. E mais ainda, eu sou.
Não dói dizer que eu sofro pelas dores que eu não tenho, que eu choro porque não sinto dor, e que me angustio ainda mais por querer sentir mais um pouco, mesmo que seja nada. E agora, eu não estou falando de amor. Eu estou falando de qualquer coisa que se pareça com nada, mas não seja nada, que seja alguma coisa. O vazio é bom, é pelo menos constante, mas, às vezes, estar ocupado e mal, ou bem ocupado, ou mais ainda ocupado, é tão melhor.
Não basta misturar as coisas, temos que fazer sopinha de letras da nossa vida. E engolir tudo, sem respirar, sem pestanejar, e sem se alegrar também, porque engolir e se alegrar ao mesmo tempo pode não ter um efeito muito bom. E basta, tudo basta.

Eu não sou ninguém para dar conselho, então, por que eu estou falando no imperativo?

É isso, desordem. Nada de ordem. Desordene-se.

E, ah, vai se f* também! Como vocês podem ver, falar de amor é muito menos doloroso e mais fácil de ler!

Isso tudo me lembrou ao filme Maluca Paixão, sobre uma criadora de palavras cruzadas, com título original de All about Steve, enfim, fica a dica.

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