31 de dezembro de 2010

Porque vocês eu sou


. meia colorida - Amanda Machado


Devido a autora não ter pedido a autorização para citar nomes, serão usados codinomes e abreviações, obrigada!


Pensar no fim do ano me faz pensar nas pessoas que conheço e principalmente nas que conheci esse ano. Pensar nas pessoas que conheço me leva a pensar nas pessoas que eu amo e pensar em quem eu amo me faz lembrar do que eu sou. Eu não sou eu, eu sou as coisas que amo.
Só há de me conhecer, aquele que conhecer os meus amados. Se conhece minha família, casa, espaço, amigos, hábitos, conhece tudo que sou. Sim, pareço pouco, mas sou a infinidade de coisas que me fazem amar, porque o meu eu, ser, está em tudo que conseguiu conquistar-me.

Sou os meus pais quando sentam a mesa e falam de sacanagem, estou no sorriso e no choro da minha irmã, sou os tapas e beijos do J.V e todo o grude que dedica a mim a AlM. Sou o chão azul do CEFET-RJ e sou o vermelho do esmalte Beijo. Sou a minha Igreja e meu Deus. Sou a gargalhada da bruxinha e a cara de emburrada da assassina. Sou o terço que minha vó me deu, sou dia 4 de agosto de 2009. Estou no olhar de Nossa Senhora de Fátima e nas luzes que vejo da janela da copa. Sou as coxas grossas da K.L e sou a dádiva que ela é pra mim, sou toda a insanidade e inconsequência da B.V, ah! Sou a dupla da B.V, sou as dores da B.V, sou um pedido dela.

Pareço pouco agora? Sou o orgulho do gamba, e as lágrimas da V.P. Sou a cor do meu quarto, sou Bones, sou azul. Sou o abraço da B.P quando ela fica uma semana sem me ver e sou os aconselhamentos do AFaetec. Sou o Jesus no L.C e sou as meninas do ballet. Eu sou a dança, sou cada movimento, sou a beleza da T.I, a alegria da A.C, o sorriso da T.A, sou o sonho que vive entre nós. Sou a mão dada com a Ky, e a mongolice da N.C. Sou as voltas na quadra com a P.B e os pequenos desentendimentos com a B.F, mas também sou quem dá a mão. Sou as implicâncias do meu tio-avô/tio/primo. Sou a modernidade da minha avó Marina e até o mau humor do meu avô Carlos. Sou melancia saboreada de garfo e faca. Sou os meus olhos cor de mel, e eles verdes quando choro. Sou uma linda mulher, uma ponte para terabítia, orgulho e preconceito e ele não está tão afim de você, tenho certeza!

Sou Cássia, NR, CI e The Fray. Sou tanta música, sou tanto.

Sou o brilho do cabelo da L.R ao sol, e o jeito dela falar, sou a sempre disponível A.A, sou os olhos, os cílios e a ironia do meu futuro marido. Sou o sorriso, a cor e todo amor que sempre dedicarei ao L. Sou o Flamengo, e esse sou muito. Sou a careca do meu avô e uns tapinhas também. Sou os cabelos da Lalá. Sou MG, sou Recreio, bem pouco Rio de Janeiro. Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher, sou minha mãe, minha filha, minha irmã, minha menina, sou J.B. Sou a brutalidade do A.F e a gentileza da minha bisavó A. Sou o tchauzinho do H.J e os abraços do D&I, uma coisa só. Sou a moranguinho, sou morangos, sou livros, sou escrita. Sou as ligações do G.W que já não fazem mais parte do presente e pipoca doce, sou sorvete de flocos,sou arroz doce da minha avó, sou alergia a chocolate. Sou as visitas a casa do B. sou os Natais e os Anos Novos. Quem sabe serei medicina legal e depois forense. Sou forense.
Sou meus tênis, sou orelhas sem brincos. Sou Banzé e Shena. Sou Pingo e bem, Ralado. Sou cachoeira. Sou cabelo do D.F e dancinhas do W.G. Sou a alegria, a gigantesca e sensual, I.B. Sou The Sims. Sou minhas madrinhas. Sou madrinha. Sou abraços e abraçada. Eu amo e sou.

(acho que continua...)


a vida tão simples é boa, quase sempre . anac

28 de dezembro de 2010

Ainda estou verde


. meia colorida - Amanda Machado


E, é quando tudo refrigera, a alma se sente quentinha, e nem chá de camomila acalma, é nesse quando que me sinto inteira.
E se me sinto alegre, viva, é porque tenho tudo de mim em mim.
Não há algo que desperte, o despertador imita a vida e nada em mim se liga ao tempo, sou imatura e não quero amadurecer nunca, digo não a colheita, prefiro ser fruta madura no pé.
E se há alguém que me colha ou que me morda, que eu possa sentir a alegria de ser saboreada.
Não quero rir, gargalhar, prefiro sorrir com os olhos e me deixar cozinhar por um longo tempo.

Ou, que longo tempo?

Se queres partir, ir embora, me olha de onde estiver, que eu vou te mostrar que eu to pronta. Me colha madura do pé! .Dona Cila - mgadú
15 de dezembro de 2010

Ritual das quatro da tarde


. meia colorida - Amanda Machado

Ela parecia atrasada, andava rápido, largas passadas, e olhava o relógio quase que minuto a minuto. Ela estava atrasada. Seu rosto era rubro, como se estivesse coberta por um grosso edredom de raiva e seus cabelos ondulados estavam presos a cabeça como em um novelo de lã. Seus olhos baixos olhavam para as pessoas que passavam, e quem reparasse na moça de sandálias vermelhas de salto bem alto, entenderia o motivo de seu sorrisinho leve. Breve como o sorriso da lua no fim da noite, ela logo cerrou os lábios e continuou a caminhada. Parou em uma lanchonete. Queria pães de queijo e um chá gelado. Sentou ao lado direito da loja, onde não havia quase ninguém e consultava o relógio como se esperasse que enfim os ponteiros chegassem ao ponto final. Demorou cerca de quinze minutos na loja, comeu, pouco bebeu, levantou-se e começou a caminhar para a praia. Já na areia, olhou tudo ao redor, tirou os sapatos pretos, largou a bolsa de lado na areia, e caminhou em direção a água. Ficou olhando, imóvel, durante mais de meia hora. Não parecia esperar alguém, sim, algo. Quando olhou o relógio de novo, resolvi consultar que horas eram, e quando olhei novamente à frente, ela estava retirando o grosso casaco e parecia se preparar para entrar ao mar. Olhei as horas novamente, eram exatamente 16:01, ela retirava a calça e dava para ver a lingerie negra que ela usava. Não retirou o relógio. Entrou no mar soltando os cabelos de lã e quando a água chegou à cintura, parou. Mergulhou e subiu, cheguei mais perto para reparar um pouco mais naquela espécie de ritual que a moça fazia. Ela então, retirou o relógio, lançou ao mar e começou a sair do mar. Andando devagar como se estivesse leve, saiu do mar, tocava os pés levemente na areia. Quando alcançou suas roupas, sequer as tocou, continuou a caminhar deixando tudo para trás. Passando por seus sapatos e pela bolsa grená que carregava continuou a caminhar. Foi quando notei um carro cinza parado na orla, ela entrou e se foi.
O que a moça pretendia com todo o ritual eu não sei, só sei que se chamava Anita Barbosa, tinha vinte e seis anos e não era do Rio de Janeiro, havia nascido em uma cidade do Paraná, quem me contou tudo isso? A bolsa grená.
7 de dezembro de 2010

VivA


. meia colorida - Amanda Machado

Procurei estar em outros lugares e dizer outras palavras. Procurei não amar alguém e pouco esbarrar nas pessoas. Procurei deixar de lado a escrita e viver nova História. Procurei quebrar as regras e bancar a inconsequente. Procurei não me apaixonar por músicas e parar de comer doces. Procurei andar somente na calçada e usar menos meia-calça. Procurei não falar tão alto e andar menos descalça. Procurei não engrossar a voz e usar brincos. Procurei ler menos e falar mais dos meus sentimentos. Procurei me afastar das mentiras e me isolar no meu quarto. Procurei não andar na chuva e dormir cedo. Procurei não ser eu. Procurei ser outra pessoa. Busquei fugir do caminho que eu levava pois acreditava ser isso que me saturava. Encontrei a realidade quando tentei ser outra pessoa. Não era eu que me saturava, eram os acontecimentos, e mudando de lado, de ritmo, costumes, cultura, religião, nada alteraria os motivos de tanta saturação.
Por isso aqui estou, amando, escrevendo, escolhendo. Seguindo minhas regras e me encantando cada vez mais por músicas. Uso meia-calça tanto quanto lavo os cabelos. Falo alto e dos meus sentimentos, ando na chuva e minha garganta inflama. Sou eu, e isso me basta.
Basta para você, ser só "você"?


"ali tão pouco
presa não estarei
e se
a fumaça encobrir minhas respostas,
aqui me formarei.

Viva."

10 de setembro de 2010

...pode ser o último detalhe



. meia colorida - Amanda Machado

Quando espiei com os olhos vi algo mais que distante, notei que não conseguiria me aproximar, eu consideraria aquilo impossível independente da circunstância, eu já tinha decorado a minha fala, sabia o que fazer, mas meu corpo me impedia, tentava me deter com unhas e dentes, eu queria levantar, mas não conseguia, algo me segurava e me mantinha em meu lugar enquanto minha mente ia se fechando e meu coração acelerando.
Chega, pergunta, argumenta, e lá se vai mais um ser em outra direção. Meu coração perde o rumo e eu mal consigo respirar, eu quero falar, quero entender, quero chorar. Quero mais que isso, quero um pouco de sol, pouco menos de chuva.
Minhas mãos tremem e meu estômago clama minha atenção, pede calma, mas a pressão no meu interior é tamanha que não consigo ouvir, a pressão se prende em minha boca e me faz querer chorar, me faz lembrar, eu quero parar!
Acabou, é o fim, eu não vou conseguir!
Acabou, é o fim, eu não vou conseguir.
Acabou, é o fim, eu não vou...
Eu não consigo admitir o que eu quero, eu não consigo admitir NADA, eu mal consigo me aceitar.


"não esqueça, não guarde, pode ser o último detalhe..."
Eu sei que nada foi perdido sem motivo, mas eu também sei que eu não sei como reaver as coisas. E minha mente berra: Pense, fale, ouça, viva!
O quê eu vou fazer? Perder-me? Vou plantar coragem...
Não dá para entender, só sei que quero.

"por mais que eu queira, eu nunca chego no horário, eu perco tudo que eu ponho no armário" - Leoni
1 de setembro de 2010

Abre chaves.


. meia colorida - Amanda Machado

Há pessoas que só de olhar você já as vê como amigas, e elas no fim de um dia já são realmente amigas, e no fim de uma semana, são confiáveis, e no fim de um mês, são para sempre. Essa é uma forma louca e boa de fazer amigos, e, é assim que normalmente eu faço amigos. Mas há pouco mais de um mês eu descobri uma nova forma de se fazer amigos. Há pessoas que você conhece há anos, que você já direcionou a atenção a ela umas cem vezes, e já falou com ela pelo menos trinta vezes, mas elas não são suas amigas, elas são literalmente um rosto conhecido, e ai, como em um estalar de dedos elas se firmam na sua vida, podendo ser durante uma semana, ou durante quinze dias, o importante é que ela se fixa tanto que se torna mais que um rosto, mas um corpo amigo, e deixa de ser simples, para ser algo bem mais complexo.
E foi assim com a pessoa que me inspira para criar esse texto. Não foi bem assim, mas posso declarar que foi bem mais complexo que linguagem C.
Eu descobri na figura dele uma pessoa inteligente, boa, engraçada e criativa. Descobri qualidades e alguns defeitos. Descobri um pouco sobre o futuro, quase nada sobre o passado e muito pouco sobre o presente. Vi delicadamente a grosseria em seus olhos, e grosseiramente vi delicadeza em determinadas atitudes. O vi esperto, ingênuo e simples, e o vi bem mais que isso, talvez eu não tenha o visto.
Falar com ele, e driblar a pressão quanto a promessa de um texto me fez ver que ele não desiste, e me fez ver que seria mais difícil do que eu pensava. Eu quis dizer que nunca iria fazer, mas ai veio um turbilhão de ideias na minha cabeça as quais agora eu desprezo.
Com ele, eu quis ser útil e habilidosa, tentei ser agradável. As coisas que acontecem com o passar de pouco tempo também podem marcar, e marcaram. Ele me fez rir, e me fez me sentir bem, me ajudou, me ensinou, e riu das minhas bobeiras. Ele não é só mais um colega de classe, ele agora é meu amigo, e acho que ele permite ser chamado assim.
Eu desejo e espero que a vida dele seja incrível, que ele tenha filhos e que não seja solitário. Espero que ele seja um diplomata melhor que o chocolate (meio difícil né?) e que eu sempre possa ter conversas agradáveis, como as no meio da aula por intermédio de uma folha de caderno. Eu espero que ele se concentre mais nas aulas e que eu não esteja atrapalhando. Eu espero esperar.
Igor Serra Ni... qualquer coisa, eu gostei de ser sua dupla, deu pra notar né?

Um pedacinho do outro texto: "Como algo como telecomunicações, remetendo a ideia de comunicação à distância pode aproximar pessoas? Como uma complexa linguagem C, pode se tornar a linguagem de duas pessoas? (...) não algo que é propagado para todos, mas algo que fica só conosco, um canal à parte. (...) da mesma maneira que sei que melhor que dizer que gostei de você é comparar o nosso laço a toda área possível de telecomunicações, sim, mantenha-se em sua célula! fecha parênteses, ponto e vírgula."
27 de junho de 2010

O som da liberdade


. meia colorida - Amanda Machado

Texto escrito no dia 9 de junho de 2010

Com os pés apoiados nas pedras, admiro o local considerado um dos cenários mais belos da cidade. Examinando a cor do mar, as pessoas que passam e o toque urbano da paisagem natural, me toma uma sensação de saudade, tristeza e solidão que já conheço e reconheço ser de determinadas lembranças, uma sensação que transborda e se faz lágrimas.
Olho o mar e o reverencio, o respeito, admiro de longe, sequer o toco, admito sua força e enquanto olho, o amaldiçôo por ter levado algo tão grandioso da minha vida. Minhas maldições são levadas pelo vento e minhas lágrimas se secam quando ouço um simples som. Direciono-me a procurar de onde o som vem e enxergo um pássaro próximo à pedra onde me apoio. Penso em me aproximar, mas a ideia de vê-lo ir embora me amedronta, afinal, aquele som me trouxe felicidade. Alguns minutos se passam e percebo que o pássaro não saiu do lugar, desconfio que ele tenha me percebido e talvez tenha notado o quanto me fez bem. Durante minha reflexão, o pássaro levanta vôo e o vôo curto me faz enxergar algo que eu já conhecia a liberdade.
O pássaro devia pertencer a alguém que mora bem perto dali, pois parecia já conhecer o lugar e enquanto eu fazia uma prece de agradecimento pela existência daquele pequeno ser da natureza, eu me libertava do medo e insegurança que sempre sentimos quando perdemos algo ou alguém especial e que eu sentia. A prece me fez entender que apesar de coisas que amamos serem levadas, pequenas recompensas nos são oferecidas todos os dias e que simples coisas se fazem sinal. O sol incomodando meus olhos era um sinal de que devia voltar para casa.


- ..quando bate a saudade eu vou para o mar, fecho meus olhos e vejo você chegar.. nas noites escuras de frio, chorei, meu caminho só meu Deus pode guiar, meu caminho só meu Pai, meu caminho só meu Deus, meu caminho só meu Deus, meu caminho só meu Deus.. (
27 de maio de 2010

27 de maio de 1998


. meia colorida - Amanda Machado

Escrito em 29 de maio de 2009

Voltando a cada sorriso, cada momento já descrito, deixo claro que apesar dos amigos, sempre me senti muito solitária, e, talvez por esse motivo, ciúme e invejinha de meus primos, eu, há 11 anos tenha desejado uma irmã.
Essa história começou nas férias de julho de 1997. Minha prima, Sabrina, havia ganhado uma irmãzinha, e era tão bonitinho vê-la sendo a "mocinha" e carregando sua "boneca" por todos os cantos. Lalá, este era o nome da "boneca", logo se transformou em minha companhia frequente, e, por acaso, ou não, anteriormente ao nascimento da Larissa, meu primo Paulinho nascera, e era um bebezinho fofo e brincalhão. Unido aos dois pequenos, havia a Ingrid, filha da Janaina, que veio ao mesmo tempo em que o meu desejo, ou seja, com todo aquele clima "baby", eu queria um irmãozinho e queria muito!
Em pouco tempo, formalizei meu pedido aos meus pais e eles logo começaram a tentar realizar meu pedido. Assim, no período de agosto de 1997, meus pais finalizaram o projeto e semanas depois, confirmado, eu tinha meu pedido atendido. Ficamos pouco tempo no Rio depois da notícia, pois para finalizar a mudança de vida, nos mudamos para Minas, mais especificamente para a casa da minha avó, eu, minha mãe e o bebê.
Estudei durante os meses da gravidez à distância, meu pai me visitava de 15 em 15 dias, e no curto tempo que ele estava conosco, eu o abraçava, o irritava e fazia os trabalhos escolares da semana. Passei meu aniversário de 1998 lá, e lembro como se fosse hoje de antecipar minha festa para que meu pai pudesse participar, e então, eu tinha 5 anos.
Nesse período, surgiu o ciúme. Tudo era para minha irmã, sim, era uma menina, e eu havia decidido que ela se chamaria Alice, pois eu amava o filme da Disney, Alice no país das Maravilhas, eu não só amava como era viciada.
Na morada em Minas, vivi emoções incríveis, acompanhada sempre da minha prima, Sabrina, nos divertíamos muito e inventávamos aventuras inesquecíveis no quintal da casa dos meus bisavós. Nessa época até que consegui ser feliz e criança, apesar dos problemas e de me sentir esquecida.
Eu sentia que piorava a cada dia o meu abandono, o ápice foi quando a minha tia, até o momento a única pessoa que me acompanhava e demonstrava carinho, escorregou na cachoeira e deslocou o ombro, pronto, minha vida se tornou completa. Minha avó operou e nada podia fazer, minha mãe, grávida e cheia de problemas tinha que cuidar da minha avó, e minha tia... Quem ia cuidar de mim? E os meus cabelos, quem ia pentear meus cabelos?

Depois que minha irmã nasceu, apesar de ter sido meu pedido, meu desejo, eu não estava alegre. Estava feliz, afinal, eu tinha uma irmã, mas eu me sentia no canto, sozinha e para os meus dias não havia amor sobrando. Após complicações demasiadas que não justifica muito, voltamos ao Rio, ainda não me restava muita atenção, mas eu estava na minha casa, na minha escola, com meus novos amigos e na minha casa nova, era por parte o meu momento, o momento de ter novas histórias, e agradeço a Deus por Priscila, Michelle e Thaisa terem entrado na minha vida, pois me ajudaram muito a me acostumar com essa nova realidade.



Minha irmã, nunca foi com a minha cara, vivia me batendo e literalmente, furando meu olho (ela mordeu o meu rosto na região dos olhos). Minha irmã retirou de minhas mãos todo o poderio, que era meu, do meu lar e da minha família. "Roubou" com meu consentimento os meus pais, ou seja, tudo que eu sempre achei que teria para sempre.
Demorei a compreender que tudo ainda era meu, e que devia aprender a dividir com aquele serzinho, tudo, afinal eu não resistiria àqueles olhos. Quem conhece nossa história e vivenciou tudo isso, sabe que apesar do amor, eu e Alice, não conseguimos ficar muito tempo juntas, sem brigar, e que a cobrança entre nós é intensa.
Este texto se deu graças a lembranças reveladas pelo aniversário da minha irmã, e, aqui dedico todo meu amor, ajuda e companhia que ela precisa. Alice, apesar de todos os momentos descritos e não descritos, eu amo você, e nada que aconteça conosco vai fazer com que eu me arrependa de ter desejado o seu nascimento, desejado você!

Eu te amo muito, e parabéns de novo! O que foi escrito há 1 ano ainda vale para hoje e valerá até o fim da minha vida.
15 de maio de 2010

Nacional: A soma dos fatores




. meia colorida - Amanda Machado

Texto escrito no dia 5 de maio de 2010

As características de um país estão vinculadas a algo chamado de cultura nacional. O que se come, como se fala, o que se veste, tudo está agregado a uma cultura que não é só regional, mas de alguma forma é do "todo", até mesmo das pessoas que não se comportam de acordo. Com a Literatura não é diferente. O que se escreve em um dado momento em determinada região do país é direcionado às demais regiões e se instala como se aquilo tivesse surgido ali.
É uma questão cultural brasileira transformar tudo que aparece em "nosso", da mesma maneira que transforma o regional em nacional. Um exemplo de extensão cultural é a música brasileira, não se pode dizer que o samba é do Rio de Janeiro ou que o axé é baiano, quando se encontra inúmeros shows de axé no Rio e creio eu que na Bahia deve haver rodinhas de samba.
Na Literatura, essa extensão pode demorar mais para acontecer, mas acontece. Um estilo que surge no nordeste e ganha destaque, em pouco tempo chegará aos ouvidos de escritores paulistas, que irão estudar e compreender a origem do estilo, podendo surgir um novo adepto àquela maneira nova de escrever. O que determina o impacto de tais extensões e até mesmo transformações no estilo literário é a maneira que a informação circula entre as regiões e o interesse imediato da sociedade brasileira.


A verdade é que o Brasil não é rodinhas onde cada um toca o seu batuque, o Brasil é um país de diferenças que determina a igualdade e nada que nasça aqui, morrerá aqui sem ter sido citado em outro lugar. O brasileiro é assim, gosta de mostrar, de misturar, e se não fosse essa mania de mistura talvez não tivéssemos abrigado tantos escritores brilhantes, cada um com seu estilo de escrever e sua forma de expressar coisas tão iguais, cada um contribuindo aos poucos e com suas próprias mãos a cultura que eu posso chamar de minha.

"... aqui estou na difícil missão de levar a você uma mensagem que possa ser como uma luz ou um mantra, nós não somos mais crianças, um dia acontece a gente tem que crescer, temos que encarar a responsa, eu não deixei de achar graça nas coisas, simplesmente hoje eu quero ser levado a sério, as coisas mudam sempre, mas a vida não é só como eu espero, existe um dom natural que todos temos, nossas escolhas vão dizer pra onde iremos" .cbj
6 de abril de 2010

Sorriso aberto


. meia colorida - Amanda Machado

Eu estava andando muito rápido, estava atrasada e nada estava dando muito certo. Eu queria correr, mas a minha respiração ofegante já não permitia mais. Eu só sentia o vento e via o céu escurecendo passar pelos meus olhos. Até que uma voz singela, doce, quase musical, interrompeu o meu momento. Disse algo que eu não ouvi, mas alguma coisa me leva a crer que ela ia comprar cigarro. Eu não perguntei a idade, mas minha intuição chuta o número oito. Ela puxou papo, falou que estava indo à padaria, e enquanto eu apressava mais o meu passo, ela quase corria para me acompanhar. Foi ai que notei que ela não surgiu do nada, eu tinha visto ela se aproximar aos poucos, quase saltitando, tentando chegar ao meu lado.
Fomos descendo a rua, quase como se fosse uma corrida, e quando eu virei para um lado e ela para o outro, vi o sorriso, aquele sorriso, que eu ouvira falar semanas antes. Era Jesus que sorria pra mim. Eu tinha sido pega de surpresa, de início não tinha dado muita atenção, mas deixar aquela menina ir, doeu muito. Eu tinha sentido a paz no sorriso dela, eu vi a paz, eu era a paz. E por incrível destino eu nunca mais a vi, assim como, eu não tinha visto antes.
Como a Maria falou do mendigo e do sorriso de Jesus que ela havia admirado, de como ela havia se manifestado para ajudá-lo, como aquele homem tinha marcado a vida dela, depois do que eu vi, eu posso dizer, às vezes, são nas simples coisas da vida que o Senhor se mostra, e se não aproveitarmos esses pequenos pedacinhos de tempo, a nossa chance será perdida. Mal sabe aquela menina, o quanto de Deus ela foi pra mim. E, por mais incrédula que a pessoa seja, ela pode admirar momentos assim, basta não olhar com os olhos, e sim, permitir que o resto veja.
Eu espero que eu tenha aprendido com aquela menina, e que outros vejam que não é só na Igreja que podemos ter um encontro com Jesus, Cristo se mostra sempre, em todo lugar, basta querer ver.
“te amar, por quem não te ama, te adorar, por quem não te adora, esperar, por quem não espera em ti, pelos que não crêem, eu estou aqui...”
P.S: A Semana Santa me fez ver o sacrifício de Jesus de uma forma nova, notar o quanto ele fez por nós e me fez chorar pelo quanto eu não retribuo.
11 de fevereiro de 2010

Minha alma gelada.


. meia colorida - Amanda Machado


Esse texto foi elaborado e escrito antes na minha mente, ou seja, vivenciado no dia 5 de fevereiro de 2010.

Eu acordei cedo, o céu ainda estava escuro mas parecia que aquela ansiedade já me dizia o que iria acontecer. Administrei a ansiedade, dizendo a ela que ela só estava descontrolada daquela maneira pois eu iria acompanhar a minha mãe ao hospital, para que se acalmasse, afinal queria mostrar a fortaleza que eu poderia ser. E pelo menos, eu pareci ser durante aquelas longas horas naquele frio hospital.

Na verdade o meu dia inteiro foi frio. O trem parecia uma geleira, eu já podia sentir algumas partes do meu corpo dormentes, e enquanto caminhava até a praça da Cruz Vermelha, meu corpo ia gelando e uma situação desconfortável ia me tomando.

Quando minha mãe me encaminhou para aquela porta, eu sabia, eu já sabia o que eu iria fazer ali, encontraria um local de atendimento onde faria meu crachá de acompanhante, era o que eu achava que ia fazer, até que uma cena mudou minha vida.

Dei de cara com um salão, lotado de poltronas, uma recepção. Um salão, lotado de pessoas, uma multidão. Um salão, lotado de pessoas apreensivas, uma exaustidão.

Havia o tal local de atendimento, uma fila e tudo mais. Havia muitas pessoas, cara de doentes, alguns idosos, alguns jovens, a maioria com um olhar fundo. Perguntei a minha mãe para quê servia aquela sala e ela me explicou que era ali que as pessoas esperavam enquanto não eram encaminhadas para os seus respectivos exames, aquela era a fase inicial. E enquanto ela me explicava eu não conseguia parar de olhar, aquelas duas poltronas chamavam mais atenção, aquelas duas pessoas chamavam muito mais a minha atenção. a a
Um homem e uma mulher, um casal, era o que parecia. A mulher estava muito debilitada, magra, muito magra, se você já ouviu alguém falar: "fulano é só pele e osso", esquece! Ela era só pele e osso. A mulher parecia tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. O homem a abraçava e a olhava com um olhar amoroso, demonstrava carinho e gentileza. Com certeza eram um casal, um casal apaixonado ainda por cima. E o que vinha a minha cabeça era um turbilhão de perguntas.

Como aquele homem, que parecia tão saudável, conseguia continuar a amar aquela mulher, que já não anda, mal consegue se mexer, feia que se tornou? E a resposta vinha de supetão. Ele a amava, e amar não tem porque. Só se ama. E era pelo amor que ele a via linda, maravilhosa, e por amor que ele conseguiu ser a fortaleza no momento que ela precisou. Só pelo amor, o quê mais seria?

Ao ver aquele homem acariciar a mulher, eu vi o amor de verdade, aquele puro. Afinal quem pode dizer que ele fazia aquilo pela aparência, ou por dinheiro, ou por pena. Ele fazia pois é o papel dele, apoiar sua mulher, acompanhar, dar forças, segurar a mão até o último momento..

Não consegui tirar o olho do casal durante o tempo na fila, por fim peguei o crachá e subimos até o terceiro andar. Minha mãe foi ao exame e eu fiquei ali, sentada, sozinha, sentindo frio, solitária. Tentei dormir, não dava. Tentei prestar atenção na conversa das outras pessoas já que eu não tinha com quem conversar e não deu. Horas se passaram. Minha mãe voltou e viemos. Não me arrisquei a olhar para a recepção.

E o frio tomou conta da minha alma.
Espero que todos possam ter um amor que esquente as suas almas!

"..vazio e solidão, meus sonhos foram levados, é só saudade machucando aqui dentro, invade o meu coração, lamento quanto a ilusão" . o tempo vai passar
4 de fevereiro de 2010

Os três mosqueteiros


. meia colorida - Amanda Machado


Eram apenas quatro meninos, um deles, o menorzinho, admirava os outros três, olhava perplexo como se gravasse os movimentos na mente, e mesmo sem notarem os meninos faziam parte de um elenco extraordinário, mal sabiam eles a força que aquelas espadas tinham, ou mal sabia eu. Talvez eu que não tenha visto o quanto àquelas armas, espadas de plástico que eram, tinham importância. Elas os tornavam valentes, eram os príncipes de suas donzelas, os guardiões de seus próprios destinos, com a armadura brilhante e pés descalços.

Eles não só brincavam, como deixavam que o mundo os assistisse, não se importaram quando eu passei e admirei a imagem, nem notaram os meus olhos transbordando lágrimas. Aqueles garotos, tão humildes, na simplicidade da vida que levam, sorriam mais que muitos que não só têm a espada, como o castelo. Os meninos defendiam algo que eu não sei dizer bem o que era, mas aqueles sorrisos explicam tudo.

Eles em muitos momentos de suas vidas terão que retirar essa espada do bolso e com coragem defender os seus, terão que enfrentar o mundo, o preconceito, quebrar tabus e enfrentar mil desafios, e isso é o que eu espero que aconteça. Pois aqueles três mosqueteiros não podem esquecer a alegria de lutar, de ser o dono se seu próprio destino. Mesmo que a floresta, o dragão e a donzela estejam apenas em suas imaginações, a verdade da infância é sonhar. E ser criança é mais uma ciranda. A vida de hoje não permite aos pais que deixem os filhos sonhar, afinal o mundo vai castigá-los no futuro e eles têm que estar alerta. Mas sonhar nos prepara, nos ensina, as lições da verdade são mostradas nos pequenos sonhos. Mesmo que a espada seja de plástico, e o castelo seja só mais um quarto e sala alugado, se a criança puder ser criança, e puder imaginar: ser o espião, o policial, o bombeiro, o super-herói, o rei, o ninja, o cowboy, no final, bem no final ele vai se tornar homem e ver que de sonhos também se constrói futuros.

Declaro aqui que aqueles mosqueteiros me salvaram de um medo terrível, abriram meus olhos para que mesmo com pouco existem aqueles que sabem viver da imaginação, pois quem tem mente e coração aberto, um sorriso estampará sempre.
P.S.: De acordo com o incentivo, mas textos virão!
Beijos, B.P., por me incentivar a escrever.

8 de janeiro de 2010

o mal que cura..


. meia colorida - Amanda Machado
Existem coisas que são impossíveis de serem explicadas, apenas são vivenciadas. Existem pessoas que não só participam da sua vida, como são sua vida. Existem momentos que de tão bons se tornam inesquecíveis, e outros que de tão bons se tornam chatos. Existem dias que o sol nos alimenta ou nos une. E existem sentimentos que só podemos sentir por um e outro, e não por todos.
A mistura das coisas acima tem nome de amizade. Tem nome de fraternidade, igualdade e liberdade. Sinônimo de união, de compaixão e felicidade. Agrupamento de simplicidade e humildade, e amor!
E quem pode descrever amizade? Eu não posso! Sofro na pele com o poder de tal palavra, que ao mesmo tempo que arranca o maior sorriso do meu rosto, derrama mil lágrimas de meus olhos. Ao mesmo tempo que me aninha, me corta os pulsos, me prende e me beija, me deixa pobre e me sorteia. Me corrói e me cura, me morde, me suga, e abraça, e me chama.
Amizade dura, solitária, amor puro, intacto!
Amor de amigo é amor doído.
Te faz sofrer se ele te esquece, te alegra se ele te procura.
Amor de amigo é sentimento perdido.
Interesse trocado, amargurado.
Fazer um amigo é não fazer planos, é deixar que a vida te leve como disse o sambista, é deixar que o seu destino seja guiado pelos Deuses, e que Deuses!
Amigo te cura das piores dores do mundo, mas te pisa com todo o peso do mundo. Amigo te conta as melhores piadas, mas grita nas piores mancadas. Amigo se declara, escreve e canta, amigo xinga, bate e se manda. Amigo vive! Vive com você, ou sem você. Amigos fazem amigos, outros amigos, e te deixam, ou te apresentam.
Amigos, são irmãos que não moram na mesma casa, mas mexem nas suas coisas, pegam emprestadas e as vezes nem devolvem, e muitas vezes, essas coisas nem são coisas, podem ser, namorados.
Amigo é amigo para sempre, mesmo que o sempre acabe, ou que chegue o Alzheimer.
Amo vocês, e vocês sabem disso!